quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Encontro com o escritor João Ubaldo Ribeiro

Do alto de sua vasta experiência como entrevistador, Ruy Carlos Ostermann não se abalou com a espontaneidade de seu entrevistado, o escritor baiano João Ubaldo Ribeiro. Foi mais um Encontro com o Professor em Santa Cruz do Sul. Desta vez inserido na programação da 23ª Feira do Livro, Projeto Saidera do Curso de Comunicação Social e da XI Semana Acadêmica do Curso de Letras. João Ubaldo Ribeiro, autor das obras Sargento Getúlio, Viva o povo Brasileiro e O sorriso do lagarto; entre outras obras, foi o patrono da 23ª Feira do Livro de Santa Cruz do Sul. A feira, que neste ano teve como tema "Ler é 10", ocorreu entre os dias 29 de agosto e 5 de setembro, na praça Getúlio Vargas.


João Ubaldo Ozório Pimentel Ribeiro nasceu na Ilha de Itaparica, Bahia, no dia 23 de janeiro de 1941. Filho primogênito de Maria Felipa Osório Pimentel e Manoel Ribeiro, professor e político. Aos dois meses de idade, mudou-se com a família para Aracajú, SE, onde passou a infância.

Iniciou seus estudos em 1947 com um professor particular. Segundo João, seu pai não suportaria ter um filho analfabeto em casa. Em 1948 ingressa no Instituto Ipiranga. A partir daí, permaneceu trancado na biblioteca de sua casa, devorando livros infantis, especialmente os de Monteiro Lobato.

João, muito dedicado aos estudos, prestava contas ao seu pai sobre os livros lidos, sendo, algumas vezes, solicitado a resumi-los e a traduzir para o português canções francesas que o pai ouvia. Nas férias praticava o latim e copiava os sermões do padre Vieira, afirmando que o fazia com prazer.

Enquanto estudava no Colégio Estadual de Sergipe, em 1951, seu pai, que era chefe da Polícia Militar, passou a sofrer pressões políticas, o que o fez transferir-se com a família para Salvador. Na capital baiana João Ubaldo é matriculado no Colégio Sofia Costa Pinto. Desafiado pela professora de inglês, que não percebeu seu sotaque, dedicou-se especialmente ao idioma, chegando a decorar 50 palavras por dia. "Ela não percebeu que eu falava inglês britânico, já que estudara em Sergipe com um professor educado na Escócia", conta o escritor.

A estreia no jornalismo teve início em 1957, quando trabalhou como repórter no Jornal da Bahia. Após, exerceu o cargo de editor-chefe do periódico A Tribuna da Bahia. Entrou no curso de Direito na Universidade Federal da Bahia em 1958. Nunca exerceu a profissão de advogado, mas mesmo assim, sempre foi aluno exemplar. Ao lado de seu colega Glauber Rocha, editou revistas e jornais culturais e participou do movimento estudantil. Entre os autores que João Ubaldo leu durante o período da universidade, estão: Rabelais, Shakespeare, Joyce, Faulkner, Swift, Lewis Carroll, Cervantes, Homero, Graciliano Ramos e Jorge de Lima. Na mesma universidade, fez pós-graduação em Administração Pública.

Participou da antologia Panorama do Conto Bahiano, organizada por Nelson de Araújo e Vasconcelos Maia, em 1959, com "Lugar e Circunstância", e publicada pela Imprensa Oficial da Bahia. Passou a trabalhar na Prefeitura de Salvador como office-boy do Gabinete e, em seguida, como redator no Departamento de Turismo.

Com Josefina, Decalião e O campeão participou da coletânea de contos Reunião, editada pela Universidade Federal da Bahia no ano de 1961, em companhia de David Salles (organizador do livro), Noêmio Spinola e Sonia Coutinho. No ano de 1963, escreveu seu primeiro romance, Setembro não faz sentido.

Através de uma bolsa conseguida junto à Embaixada norte-americana, João Ubaldo parte para os Estados Unidos para fazer seu mestrado em Administração Pública e Ciência Política, na Universidade da Califórnia do Sul. Voltou ao Brasil em 1965 e começou a lecionar Ciências Políticas na Universidade Federal da Bahia. Permaneceu por 6 anos, mas desistiu da carreira acadêmica e retornou ao jornalismo.

Em 1971 lançou, pela Editora Civilização Brasileira, o romance Sargento Getúlio, merecedor do Prêmio Jabuti concedido pela Câmara Brasileira do Livro, em 1972, na categoria "Revelação de Autor". O livro é inspirado principalmente num episódio ocorrido na infância de João Ubaldo, envolvendo um certo sargento Cavalcanti, que recebera 17 tiros num atentado em Paulo Afonso, na Bahia; resgatado pelo pai do autor, então chefe da polícia de Sergipe, chegaria com vida em Aracaju.

Em 1974 publicou o livro de contos Vencecavalo e o outro povo (cujo título inicial era "A guerra dos Pananaguás"), pela Artenova.

Viva o povo Brasileiro recebeu em 1984 o Prêmio Jabuti na categoria "Romance" e o Golfinho de Ouro, do governo do Rio de Janeiro.

Em 1989 lança o romance O sorriso do lagarto.

Saíram várias reedições de seus livros na Alemanha, incluindo uma nova edição de bolso de Sargento Getúlio. O sorriso do lagarto foi publicado na França. A casa dos Budas ditosos foi traduzido para o inglês, nos Estados Unidos. Seu livro Viva o povo brasileiro foi indicado para o exame de Agrégation, um concurso nacional realizado na França para os detentores de diploma de graduação.

Em 2008, o autor foi agraciado com o Prêmio Camões, considerado o maior galardão da língua portuguesa.

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