quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Memórias da Leitura com o escritor Altair Martins

Um dos nomes mais aplaudidos da nova geração de escritores gaúchos esteve em Santa Cruz do Sul. Altair Martins foi convidado pela Comissão Organizadora da 23ª Feira do Livro e XI Semana Acadêmica do Curso de Letras para palestrar na noite de sexta-feira, 3 de setembro, no Auditório Central da Unisc. Também esteve presente Escobar Nogueira, escritor e amigo de Altair e o professor Elenor José Schneider, o qual coordenou a atividade da noite.



Para direcionar a fala, o tema escolhido foi "Memórias da Leitura". Para o escritor a memória é uma ficção, em que tudo pode.

No desenvolver de suas obras, Martins conta que gosta de usar a memória e que isso permite mudar o sentido de algumas situações – “mentir”. Segundo ele, essa é uma virtude dos escritores, saber mentir. O gaúcho afirma que a mistura da memória com a mentira é igual a literatura.

A memória e a mentira do autor se confundem nas suas falas e ele mesmo confirma isso, contando um fato engraçado. Do dia em que sonhou com Machado de Assis, e perguntou sobre a personagem Capitu, foi quando Machado respondeu com um verso de Manoel Bandeira. Só sendo muito interessado em literatura para ter um sonho assim. "Somos moldados pela literatura, os personagens se confundem com a vida real".

Martins ainda contou que já inventou um conto de Tabajara Ruas e o conta com detalhes em meio a uma história sua. Algo que ele tinha certeza que havia lido, e depois confirmou com o próprio Tabajara, que afirmou nunca ter escrito. O autor chama isso de falcatruas da memória, onde muitos livros lidos se confundem.

Não é só na rotina que Altair concilia as duas carreiras paralelas que leva, a de escritor e de professor de cursinho pré-vestibular (já deu aulas em Santa Cruz, inclusive). Também em seu texto, a ciência está muito presente. Não por acaso, seu premiadíssimo romance A parede no escuro nasceu a partir de sua dissertação de mestrado em literatura. Do curso de doutorado, que está em andamento, deve sair um livro de contos no ano que vem.

O tema desse novo trabalho é a água. "Falo sobre arroios, tempestades, remar de caiaque, sobre a atmosfera, o medo e o fascínio da água", conta. Para construir suas narrativas, foi buscar conhecimento em outras áreas, como a química. É em função do prazer que declara sentir pela teoria que se acostumou a consultar obras de sociologia e história antes de produzir seus livros. Ao escrever, encara o desafio de equilibrar a ciência com a inspiração, "verdades e invenções."

Outro traço marcante de Altair é o texto visual, provável consequencia de sua experiência como chargista de jornal. "O visual pode salvar a literatura", conta. Por isso, seu livro de contos será todo ilustrado. Para 2013, já planeja um romance, baseado em viagem que fez para a Nicarágua.

Martins é natural de Porto Alegre, mas aos dois anos de idade foi morar em Guaíba. Publicou seu primeiro livro aos 24 anos, Como se moesse ferro, uma coletânea de contos. Já o seu primeiro romance foi A parede no escuro. O autor já teve textos traduzidos na França, em Portugal e nos Estados Unidos.

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